sábado

Eternidade



Considera-se eterno tudo o que não tem princípio nem fim. Se não tem principio, não tem origem, não nasceu, não foi criado nem inventado. E se não tem fim, não tem destino, não morre, não se extingue e não desaparece. Logo, se não tem uma nem outra coisa, também não pode ter existência. E não existe.

A eternidade realmente não existe. Não existe porque tudo tem princípio e fim. Ainda que o princípio e o fim, sejam indefiníveis por se perderem no infinito, ou que sejam quase simultâneos, eles existem, e a própria existência existe entre eles.

Tudo existe entre um princípio e um fim. Podem ser eternamente – humanamente — desconhecidos, mas existem. A existência de alguma coisa prova a existência do seu princípio e do seu fim. A não existência de principio e de fim prova a inexistência da coisa.

A eternidade, ou tudo o que não teve princípio e é igualmente infinito, apenas existe psicologicamente, em termos de lógica científica necessária ao abstracionismo da racionalidade.

Se dividirmos dez por três, obteremos um número infinito (3,333...). A divisão deste número vai até à eternidade, não tem fim, mas é impraticável. A sua aplicação prática ou é arredondada ou perde-se para sempre, que é o mesmo que lhe atribuir um fim.

Na vida como na matemática, a eternidade só existe teoricamente. É uma impossibilidade prática real. Quando alguém diz que alguma coisa existe eternamente ou para sempre, está-se a referir a uma eternidade relativa. Existe até um fim indeterminado ou existe para sempre enquanto outra coisa existir, depois acaba também.

A eternidade é também usada pela religião de forma a dar um sentido à vida que é finita, tornando-a infinita em planos espirituais. Neste aspecto poderia dizer-se que a eternidade existe, por ser puramente espiritual. Mas o espírito só existe porque existe um corpo. Se o corpo morre, o espírito deixa de existir, e a eternidade com ele.



A eternidade só existe em imaginação. Tudo o que é eterno não existe real e naturalmente, porque tudo o que existe real e naturalmente tem fim, como teve princípio.